' Falta tanta coisa na minha janela como uma praia, falta tanta coisa na memória como o rosto dele*, falta tanto tempo no relógio quanto uma semana, sobra tanta falta de paciência que me desespero. Sobram tantas meias-verdades que guardo pra mim mesma*, sobram tantos medos que nem me protejo mais, sobra tanto espaço dentro do abraço, falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo..

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Me olha nos olhos..

.. e me puxa pela cintura enquanto uma de suas mãos aperta a minha nuca. Aproxima o seu rosto do meu e me beija como se fosse a primeira e a ultima vez. Me leva pra qualquer lugar só por me levar, a nossa companhia é mais importante do que o destino. Me abraça enquanto diz ao pé do ouvido tudo aquilo que sempre quis e teve receio de dizer. Dança comigo mesmo não sabendo os passos e com a certeza de que eu também não faço ideia de como dançar. Que a gente cante uma música junto no carro sem ao menos conhecer a letra direito. Ria e me faça rir de tudo isso. Saiba diferenciar a hora de segurar a minha mão e a hora de puxar o meu cabelo, daquele jeito meio pro lado, assumindo todo o controle.

Compreenda que não preciso de presentes caros e demonstrações públicas de afeto, prefiro um café na cama num dia qualquer, uma conversa gostosa às 4 da manhã e um bilhetinho surpresa dentro da bolsa. Quando eu não estiver tão alegre me mostre com um simples toque que a vida é boa e melhorou nesse exato momento.

Me leva pra casa e se despeça com um beijo demorado ao invés de um selinho, diga "até amanhã" para reforçar que no dia seguinte ainda estaremos juntos mesmo que isso não signifique que estaremos perto. Estude, trabalhe, saia com seus amigos pra tomar uma, duas, três ou até perder as contas. Mas, me manda mensagem de madrugada ou de manhã só pra dizer qualquer coisa besta que se pareça com um "Tô com saudade de você". Te darei espaço e você também dará o meu para que quando nos encontrarmos, espaço algum exista entre nossos corpos e mentes.

Sinta vontade de me contar sobre suas conquistas e seus fracassos, se abra pra mim, mesmo que isso aconteça bem devagar e aos pouquinhos. Eu espero pacientemente e te ajudo a tirar cada peça até nos despirmos completamente e chegarmos aquilo que verdadeiramente somos. Que eu seja aquela que você diz coisas que não pode dizer aos seus amigos homens porque eles não entenderiam ou ririam de você.

Não precisa reparar em detalhezinhos insignificantes como os quatro dedos que cortei do meu cabelo, mas, quando for me buscar me olhe como quem se pergunta "Como você pode estar ainda mais linda que da última vez?". Também não precisa recordar de todas as datas, porém, quando ver um casal de muitos anos na rua, lembre-se da gente e dê um sorriso bobo. Qua haja algumas semelhanças nos nossos ideias, mas, por favor, não seja igual a mim. Que tenhamos opinião própria e gostos diferentes, pois, assim um mostra coisas novas pro outro e soma, acrescenta, cresce... E constrói... Um relacionamento baseado no respeito, que é muito mais forte e bonito do que o motivado por similaridades. 


Vá com calma enquanto o resto do mundo me pedir pressa, seja meu sossego. Goste de me ouvir falar e aprecie também os silêncios ao meu lado. Não fale sempre tudo que eu quiser ouvir, não faça só o que eu esperar, não preencha pré-requisitos nem se preocupe em atendes expectativas minhas. Mude minhas perspectivas, não seja quem eu sempre sonhei. Me ensine que o cara ideal não é aquele que a gente cria nos nossos sonhos e sim aquele que consegue ser ele mesmo..

E ainda assim, respeitar você!

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Obrigada!

Te encontrava em todos os cômodos, em todos os cantos. Nos pares de meia largados no chão, tão sem combinação quanto eu. Largados, amassados, sujos e esquecidos, e não existiria metáfora melhor para falar de mim neste momento. 

- Doutora, isso passa? 
- Nem tudo passa. 

E foi um baque descobrir que tem ferida que abre e corta tanto que leva um pedaço da gente, tem ferida de todo tipo e tanta gente ferida por baixo da roupa que nem dá pra perceber quando se esbarra numa delas pela rua. 

Eu tava meio despedaçada. Desesperada mesmo. Numa loucura indigna, mas com um quê de drama-psicológico que me faltou ar. Me faltou ar por conta da pressão e da altitude. Achava que tudo na vida passava e foi um baque, como já disse, quando soube que a dor tinha estacionado. Parado bem na minha frente e me atingido numa baliza perfeita. Nem deu tempo de me despedir quando saía do chão e engolia poeira. 

- Doutora, adianta anotar a placa do veículo? 

Você foi aquela quase-coisa-que-deu-certo, sabe? Que me prende no “e se…”, que eu nunca vou saber porque foi feita uma escolha voluntária e acabou. Aquele meu quase-amor que dói mais do que se tivesse sido, porque me arrancou de mim. E você não me segurava, e me dizia com todas as letras que eu não era a ultima mulher do mundo, e que podia ir embora se quisesse. 

Será que a gente aprende a dirigir outra vez? Digo, não no sentido literal da coisa. Mas quanto tempo demora pra passar algo que não passa? Pra sempre é tempo demais, mesmo que tivessem me cortado o acelerador e eu tivesse que empurrar o carro. 

No fundo, eu entendi que era tudo uma questão de visão: não tem “e se…”, porque você foi. Sem prestar condicionalidade ou oferecer proposta. Você foi e pronto, acabou. A gente é que tem essa mania de estender a história pra tentar se sentir bem depois que é abandonado. Pra encher a cabeça e fingir que ainda vive aquilo. Ou pior: pra provar que você nem sempre foi assim e que se importava, sim, comigo. Mesmo que tudo indique e negue isso. 

Daí eu retomo os fatos e me lembro, de novo, de você reclamar de eu nunca ter te agradecido. E vejo as faltas, vejo os lapsos, vejo como você nem me fazia tão bem assim. Vejo aquela dependência e me pergunto como eu podia considerar que era amor alguém que vai (embora) sem a menor consideração com você? Se não existiu consideração pelo que se viveu, se o outro já nem ligava. E eu lá vou me matar, me envenenar, me tratar com dó como se você merecesse isso? 

E eu, que sempre fui a mimada pra você, que nunca soube ser compreensiva, que sempre fui a egoísta. Eu que recebi tantos tapas enquanto tentava te dar meus braços. Que passei por cima de tanta coisa, pra ter você aqui. As noites mal dormidas enquanto lutava pra trancar o teu fantasma aqui dentro (da casa e de mim), queria que você entendesse, queria que você ficasse, e não percebia o controverso estado em que estava. Se queria que tudo isso passasse, por que aprisionar uma projeção bonita de você que nunca existiu?

Foi bem melhor pra mim. 
E agora eu agradeço pela melhor coisa que você fez por mim: obrigada (por ter me deixado).